Igualmente arrepiantes as lendas sobrenaturais viram atração turística
Por Aline Barbosa
Já pensou em passar férias visitando lugares mal-assombrados? Em São Paulo, tudo isso é possível. Há 500 anos, os índios acreditavam que a região onde está o centro da capital, era um lugar carregado de energias negativas. Inspirados pela cultura do medo e pela curiosidade macabra da população, as agências de turismo optaram por traçar roteiros que mostram o lado obscuro da cidade.
Carlos Roberto Silvério, dono da agência de turismo Graffit, percebendo a fama assustadora que alguns lugares, criou o roteiro “São Paulo de Outro Mundo”. “Queríamos mostrar a cidade de uma forma diferenciada. Ela tinha esse atrativo de lendas e mitos urbanos, fomos motivados pela necessidade do paulistano em ir além da própria cidade”.
O roteiro inclui visitas a cemitérios, como o da Consolação. “É a paixão. Os aficionados por arte tumular gostam muito”, diz o Silvério. A Casa da Dona Yayá, no Centro, também é visitada. Rica herdeira paulistana, Sebastiana de Mello Freire, mais conhecida como Dona Yayá, tinha problemas mentais. Em 1920, por recomendação médica, mudou-se para a chácara, que ganhou seu nome. O lado “mal-assombrado” da questão está no fato de pessoas afirmarem que a ilustre moradora vaga por ali.
Quem estava acostumado em ter apenas roteiros clássicos como o Museu do Ipiranga, o Parque do Ibirapuera ou o Memorial da América Latina ganhou uma essa diferente opção. A procura começou entre os góticos, mas depois de um tempo caiu no gosto dos moradores, de turistas do interior paulista, de outros estados do Brasil e do exterior. “Fizemos uma pesquisa profunda em bibliotecas e acervos para ter informações suficientes para viabilizar o projeto”, explica Silvério.
Para a estudante Viviane Costa, os pontos de mais destaques do passeio estão localizados no bairro da Liberdade. “Tanto Capela dos Aflitos, quanto a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados têm como principal história a morte de um dos mitos do local: o soldado Francisco José das Chagas, o “Chaguinha”, que foi enterrado no antigo cemitério, que hoje em dia fica situado os dois locais. Alguns acreditam até hoje que a alma dele vague pela capela construída em sua homenagem”.
Ela acredita que roteiros como esse vem para suprir uma lacuna no turismo da cidade e mostrar que São Paulo também tem muita história quase desconhecida. “Fui a lugares de mau agouro e a locais em que foram cometidos crimes desde a época de São Paulo colônia até hoje. Até existe este tipo de passeio, mas é difícil as pessoas irem atrás disso, além da divulgação, que é fraca. Fui uma vez e iria novamente, pois iniciativas como essa precisam ser incentivadas”.